Salvaram o Olympia do coma.

Jay Cutler é o novo Mister O. E para conseguir o prêmio não precisou esperar Ronnie Coleman se aposentar, derrotou o gigante no palco, na raça, e quebrou um tabu de 22 anos, período em que um Mister Olympia nunca havia sido derrotado na competição. Isso trouxe uma sobrevida à mais importante competição de culturismo do mundo, que andava já com sua credibilidade abalada.
Desde que Lee Haney venceu seu primeiro Olympia, em 1983, até 2005, apenas três atletas conquistaram o mesmo título. O próprio Lee, que venceu oito vezes, Dorian Yates que arrematou seis troféus e Ronnie Coleman, com também oito conquistas.
A repetição enfadonha dos mesmos atletas trouxe uma sombra sobre a competição, com protestos de vários atletas. O próprio Jay deixou de competir em 2002 por causa dessa mesmice e da imparcialidade de alguns jurados. Mais recentemente, em 2005, Lee Priest chutou o pau da barraca dizendo que quem comprou ingressos para assistir algo diferente de Ronnie em primeiro, Jay em segundo e Gustavo em terceiro havia perdido tempo e dinheiro. E foi exatamente essa a ordem da classificação final naquela ocasião.
Acompanho o Mister O há alguns anos, bastante na verdade. E mesmo sem ser um especialista em julgamentos de físicos, mas embasado pela opinião de outros conhecedores do esporte, engrosso o coro de que Ronnie levou uns três troféus sem merecer. Assim como outros conseguiram estar entre os top five mesmo estando em off, caso absurdo de Shaw Ray em 98, que foi homenageado pelo conjunto da obra. Afinal, é um Olympia ou Nobel? Só para ficar em um exemplo.
Me parece que nos Estados Unidos não basta o atleta ser bom, ele precisa cair no gosto da mídia, dos juizes, dos editores e dos Weider, principalmente. Depois que ele consegue isso, aí ele entra no palco já como se fosse a uma confraternização de amigos, os juizes parecem bajular o campeão, mesmo sem ter visto o restante dos atletas.
Não é possível que em 22 anos apenas três homens tivessem condições de conquistar o Olympia, isso para mim é claro. As queixas após as competições estavam ficando cada vez mais severas, e a propaganda negativa para o evento crescia na mesma proporção. Dizendo isso parece que faço apologia a um título falso de Jay, mas não é essa a questão. E muito menos quero desmerecer Ronnie, o verdadeiro rei dos freakies e sem dúvida um dos maiores culturistas de todos os tempos. Mas quero reforçar que desta vez foi feita justiça. Jay venceu os 4 rounds, sem contestação. Os top 10 estão onde deveriam mesmo. Este Olympia de 2006 foi um divisor de águas, com boas e más surpresas.
As boas foram, claro, a vitória de Jay, a presença de Victor Martinez na terceira colocação e Toney Freeman aparecendo em sétimo. As negativas ficaram por conta de Gustavo Badel, que ficou apenas em sexto (veja bem, o apenas é porque ele foi duas vezes terceiro, e se esperava mais dele) e Gunter, que terminou em 10º. Outro desapontamento foi Branch Warren, perfeito em outras competições este ano e que fez alguma coisa errada, ficou em 12º lugar.
Houve um certo equilíbrio entre os freakies e os clássicos. Jay e Ronnie, estavam freakies, do terceiro até o quinto três clássicos (Victor, Dexter e Melvin), entre o sétimo e o nono apenas um freakie, o maior de todos, Markus Ruhl, que provou estar de volta ao top 10. O único atleta que bate Ronnie no quesito volume. Darren Charles também não vem fazendo uma boa apresentação, e ficou em 14º.
Ainda é cedo para dizer se Ronnie se retira, ou se tenta encerrar a carreira recuperando o título. Mas agora as coisas mudaram. Ainda bem. Salvaram o Olympia do coma.
Veja a classificação dos top 15 do Mister O 2006

1) Jay Cutler
2) Ronnie Coleman
3) Victor Martinez
4) Dexter Jackson
5) Melvin Antony
6) Gustavo Badel
7) Toney Freeman
8) Markus Ruhl
9) Denis James
10) Gunter Schlierkamp
11) Vince Taylor
12) Branch Warren
13) Johnnie Jackson
14) Darren Charles
15) Troy Alvez

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