Por Marília Coutinho e Alexandre Melo (Jacaré)

Proteína sempre foi o pilar da construção muscular. É assim na bioquímica de nosso corpo e é assim na nossa rotina diária de alimentação. A proteína está sempre em nossos pratos, em nossos liquidificadores e algumas vezes rolando dentro de nossas fedorentas mochilas. Você pode mexer em tudo na dieta de um maromba, mas se você sequer pensar em tocar na proteína dele vai ter sérios problemas. Durante anos a indústria da suplementação alimentar colocou à disposição dos atletas diversos produtos protéicos mas ao avaliar a composição dos mesmos, notava-se que em todos estava presente a soja (falaremos sobre ela nessa trilogia). A soja é uma ótima fonte de proteína, mas hoje temos outras novas fontes às quais podemos recorrer. Uma delas é atualmente a proteína mais consumida por atletas não só de fisiculturismo, basismo e lutas, mas de diversas modalidades. A proteína da qual estamos falando é a proteína extraída do soro do leite, Whey Protein.
O whey (chamamos “O” whey por ser whey = soro e soro é masculino, sendo assim é “o” e não “a” whey, sacou?) é um suplemento cada vez mais celebrado por suas propriedades terapêuticas. O whey é na verdade um sub-produto do processamento do leite, particularmente do soro do leite. A proteína do leite é composta de aproximadamente 80% de caseínas e 20% de proteínas do whey, que compreende uma variedade de polipeptídeos, incluindo a lactalbumina bovina, a ferritina e outras. Os usos têm sido os mais variados, incluindo fórmulas para crianças, alimentação parenteral, suplementos esportivos, para controle de peso e até controle de estados de humor (Yalcin 2006). Outras aplicações terapêuticas incluem tratamentos para câncer, prevenção de câncer, anti-hipertensivo, hipolipidêmico, bactericida e quelante (Marshall 2004).
O mais interessante, no entanto, têm sido as aplicações do whey relativas às suas propriedades imuno-estimulantes e anti-cancerígenas. Já em 1988 foi identificado que a suplementação com whey pode significativamente inibir a incidência de cânceres de cólon quimicamente provocados em modelos animais (Bounous 1988). O mesmo grupo de pesquisa identificou um efeito estimulador da resposta imunológica celular em animais alimentados com whey, comparados a grupos alimentados com caseína, proteína de soja, de trigo e outras (Bonous et al 1988).
Especula-se que essa propriedade se deva ao efeito que a suplementação de whey tem de aumentar os níveis de glutationa de diversos tecidos (Bounous et al 1989). As proteínas do whey, especialmente em sua forma não-desnaturada (Bounous & Gold 1991), são bons fornecedores de cisteína, componente da glutationa. A glutationa é um tri-peptídeo que desempenha papéis biológicos chave em processos de detoxificação e também de resposta imunológica. Os estudos do grupo de Bounous (1989) demontraram, além disso, uma correlação entre os níveis aumentados de glutationa cardíaca e hepática induzida pela suplementação com whey e a longevidade aumentada dos animais de laboratório. A melhoria na resposta imunológica e qualidade de vida de pacientes HIV positivos tratados com whey também parece estar relacionada com aumentos dos níveis de glutationa sérica (Micke et al 2001, 2002). Uma pesquisa de Kennedy et al de 1995 mostrou que a suplementação com whey em pacientes com câncer de mama metastático leva a uma depleção da glutationa tumoral, tornando as células malignas mais suscetíveis ao tratamento da quimioterapia.
Assim, o grupo de Bonous sugeriu, em 1991 (Bounous et al 1991), que a suplementação com whey poderia ser um eficiente agente na prevenção e tratamento de diversos cânceres.
Um estudo bem mais recente (Tseng 2006) demonstrou que a suplementação com whey é capaz de estimular a produção de glutationa após severa intoxicação alcoólica. Esse efeito benéfico sobre a função hepática, mediado pelo aumento da produção de glutationa, já havia sido apontado por Watanabe et al (2000) (Só pra lembrar que este Watanabe não é aquele sensei do Karatê!) num estudo sobre pacientes com hepatite B crônica.
De tudo isso, tiramos várias conclusões de uso pessoal. A primeira é que stress é coisa altamente tóxica e sem whey não tem como desintoxicá-lo. A segunda é que stress é altamente imunosupressivo e sem whey não dá para evitar a depressão imunológica. A terceira é que não dá para evitar stress, de modo que é melhor não bobear com o whey para que fígados e outras coisinhas não chiem pelo caminho. Há ainda uma quarta que relaciona diretamente o stress com aumentos dos níveis de cortisol que se traduz em hormônio “rei” do stress e conhecido de todo mano de maromba por suas propriedades catabólicas. O whey por natureza é uma proteína altamente ANABÓLICA e seus usuários sabem que ao ingerir esta nobre fonte protéica garantem o anabolismo protéico garantindo assim sempre uma ótima síntese de novas proteínas musculares. É do conhecimento de qualquer pirralho de comunidades de orkut que proteína estimula crescimento muscular e sem ela não ocorre a hipertrofia necessária para tornar um simples mortal em um ogro tosco cheio de “caroços” no corpo.
Recomendamos o uso de whey a qualquer atleta, seja qual for a sua modalidade. Já ouvimos amigos basistas dizerem que não precisam de whey, pois comem bastante! Será que o que comem é proteína? Lembre-se que proteínas estão envolvidas diretamente na construção muscular e contração. Sendo assim, na hora do “sticking point” no supino você necessitará de muitas proteínas de contração para levar o peso até a posição final de braços esticados. Nessa hora crítica, além do glicogênio obtido daquela bacia de macarrão que você comeu, você precisará das proteínas de contração para executar o movimento por completo ou seu movimento não será validado! Coma proteína de diversas fontes, varie! A mente deve ser aberta a todas as propostas e em nossos esportes o que há de mais funcional é o que nos é passado de boca a boca e não o que há escrito em livros grossos e pesados de fisiologia! Variar na dieta as proteínas ingeridas é um grande segredo e o whey vem bem a calhar nesse momento. Se você participa de competições de basismo deve se preocupar com sua digestão. Whey digere rápido, pode ser facilmente transportado! Já o seu bife de carne de lobisomem que está há 3 horas na mochila, não será bem digerido, vai estar cheio de bactérias, não será bem absorvido, não será transformado em nitrogênio... Não será RETIDO! Recomendamos Whey a você amigo do peso! Se você tem uma certa problemática com os cifrões, ou seja, é um pelado mesmo, seria interessante você comprar um pote dessa proteína na véspera de um campeonato e começar a usar uns dias antes do evento. Amigo (a) tenha certeza de que seus músculos ficarão mais densos, mais fortes e tremendamente agradecidos! Sabe aquela expressão: “Hmmm, carne nova no pedaço!” Assim será com seus músculos! Eles ficarão felizes e você poderá grudar na barra e tirar aquela porra de peso da inércia total e joga-lo pra cima com toda a força bruta que seus genes ogros lhe deram!
O negócio é manter o pote sempre cheio, o estoque da mochila sempre em ordem e não radicalizar com alimentação em época de stress como ocorre na fase pré campeonato. Se você acha caro um pote dessa proteína, não se preocupe, há outras formas mais baratas em embalagens tipo refil (sacos). Há várias marcas no mercado, vários tipos. Se você não compete em fisiculturismo de alto nível não precisa usar nada de isolado, baixo em sódio etc. basta que use um whey, só whey e ponto final. Um pote de whey é caro sim, mas lembre-se sempre que a balada também come dinheiro! Se você está decidido a ser um guerreiro tem de abrir mão de certas coisas pelo menos por um determinado período de tempo para que possa obter sucesso no que se propôs a fazer.
Beba whey! Hipócrates dizia a seus discípulos:
“ Allevato com la scotta il dottori é in bancarrota”- Se todos bebessem whey ,os médicos iriam a bancarrota!”. Abaixo seguem algumas referências para os que gostam de perguntar:
“ Isso tem comprovação científica?” Se o Hipócrates recomendava é porque é bom! Já estou imaginando alguém perguntar:
“ Esse Hirpócartis treinava onde?”
Pra encerrar, vamos dar “uma rapidinha”com o whey:

- O Whey Protein é a proteína do soro do leite não desnaturada . O whey líquido, fresco é composto basicamente de água e lactose , sendo que ao ser fabricado 1kg de queijo obtém-se 9kg de whey .
- O Whey é componente de todos os tipos de leite . O leite de vaca por exemplo , apresenta 6.25% de proteína dos quais , 80% é caseína e 20% é whey .

- WHEY PROTEIN É UMA PROTEÍNA ALTAMENTE ANABÓLICA
- CASEÍNA É UMA PROTEÍNA ALTAMENTE ANTI-CATABÓLICA

- A combinação de ambas na dieta do atleta provoca tremendos resultados em ganhos de massa muscular .

- O Whey é rico em GMP’s – Glicomacropeptídeos que constituem moléculas não desnaturadas resistentes à digestão . Apresentam ação antibacteriana , são a maior fonte de BCAA’s na natureza e aumentam a CCK – Colecistocinina que reduz o apetite .
- WHEY tem VALOR BIOLÓGICO 104!
- WHEY permanece solúvel no estômago com rápido esvaziamento gástrico
- WHEY aumenta a síntese de proteína em 68% após ingestão de apenas 30g !
- WHEY produz a mais alta conhecida liberação de IGF-I
- WHEY contém IGF-1 e IGF-2
- WHEY baixa os níveis de LDL
- WHEY melhora a saúde óssea
- WHEY aumenta a glutationa o que promove ação antioxidante
- WHEY é um poderoso ANABÓLICO NATURAL
- WHEY otimiza a utilização do Fe (Ferro)
- WHEY aumenta a absorção e retenção do Zn (Zinco)
- WHEY é rica fonte de BCAA’s
- WHEY possui “meia-vida “ de 3.5h
- WHEY é uma ótima fonte de proteína para ser utilizada em qualquer tipo de dieta.

SUGESTÃO DE USO PÓS TREINO

- SHAKE PÓS-TREINO:Após o treino abre-se o que se cientificamente se conhece como “ Janela de Oportunidade “ . Esta “janela”, enquanto estiver aberta, proporciona alto grau de absorção de qualquer nutriente garantindo assim um perfeito ambiente anabólico, ideal para o aumento de massa muscular .

- Modo de Preparo :

-à 400-700ml de Água
-à 4 Colheres de Sopa de Maltodextrina
-à 2 Colheres de Dextrose
-à 50g de Whey Protein
-à 20g de L-Glutamina
-à 10g de Creatina Monohidrato
-à 10mg de L-Glutationa
-à 1 Drágea de Multivitamínico-Mineral
-à 500mg de Vitamina C
-à 400UI de Vitamina E

Há outras maneiras de tomar whey, porém , esta é a mais utilizada atualmente no mundo dos esportes de força.

Abraço pra todos os irmãos e irmãs que possuem alta taxa de ferro no sangue!

Dupla J.M

Bounous G, Batist G, Gold P. Food Chem Toxicol. 2006 Apr;44(4):574-8. Epub 2005 Dec 19.

Bounous G, Batist G, Gold P. Whey proteins in cancer prevention. Cancer Lett. 1991 May 1;57(2):91-4.

Bounous G, Gervais F, Amer V, Batist G, Gold P. The influence of dietary whey protein on tissue glutathione and the diseases of aging. Clin Invest Med. 1989 Dec;12(6):343-9.

Bounous G, Gold P. The biological activity of undenatured dietary whey proteins: role of glutathione. Clin Invest Med. 1991 Aug;14(4):296-309.

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Bounous G, Papenburg R, Kongshavn PA, Gold P, Fleiszer D. Dietary whey protein inhibits the development of dimethylhydrazine induced malignancy. Clin Invest Med. 1988 Jun;11(3):213-7.

J Med. 2000;31(5-6):283-302.

Kennedy RS, Konok GP, Bounous G, Baruchel S, Lee TD. The use of a whey protein concentrate in the treatment of patients with metastatic carcinoma: a phase I-II clinical study. Anticancer Res. 1995 Nov-Dec;15(6B):2643-9.

Marshall K. Therapeutic applications of whey protein. Altern Med Rev. 2004 Jun;9(2):136-56.

Micke P, Beeh KM, Buhl R. Effects of long-term supplementation with whey proteins on plasma glutathione levels of HIV-infected patients. Eur J Nutr. 2002 Feb;41(1):12-8.

Micke P, Beeh KM, Schlaak JF, Buhl R. Oral supplementation with whey proteins increases plasma glutathione levels of HIV-infected patients. Eur J Clin Invest. 2001 Feb;31(2):171-8.

Tseng YM, Lin SK, Hsiao JK, Chen IJ, Lee JH, Wu SH, Tsai LY. Whey protein concentrate promotes the production of glutathione (GSH) by GSH reductase in the PC12 cell line after acute ethanol exposure. Food Chem Toxicol. 2006 Apr;44(4):574-8. Epub 2005 Dec 19.

Watanabe A, Okada K, Shimizu Y, Wakabayashi H, Higuchi K, Niiya K, Kuwabara Y, Yasuyama T, Ito H, Tsukishiro T, Kondoh Y, Emi N, Kohri H. Nutritional therapy of chronic hepatitis by whey protein (non-heated). J Med. 2000;31(5-6):283-302.

Yalcin AS. Emerging therapeutic potential of whey proteins and peptides. Curr Pharm Des. 2006;12(13):1637-43.

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