Fábio Sartori Manfrinato, considerado pela Confederação Brasileira de Luta de Braço o melhor atleta masculino do século XX na modalidade, com 10 campeonatos paulistas, 10 campeonatos brasileiros e cinco mundiais, conta um pouco sobre como chegou até aqui.

(Marília – Portal do Ferro) – Fábio, conte um pouco com foi sua trajetória esportiva até agora e como começou na Luta de Braço.
(Fábio) - Conheci a modalidade em 1995, eu passeava pelo Shopping de Piracicaba quando me deparei com algo que eu praticava em mesa de sala de aula entre amigos e tinha adoração, sem saber que existia uma federação / confederação. A partir daí me filiei. Iniciei na LB aos 21 anos, quando participei do campeonato paulista estreante, o qual obtive meu primeiro título federado. Minha trajetória é iluminada Graças à Deus, coleciono hoje 10 títulos Paulistas e Brasileiros, um Sul-Americano (1997) e conto com resultados excelentes em Mundiais;
Vice-campeão Mundial na Índia (1997)
Campeão Mundial na Rússia (1999)
Campeão Mundial nos EUA (2000)
Campeão Mundial na Itália (2001)
Vice-campeão Mundial no Egito (2002)
Campeão Mundial na Rússia (2003)
Campeão Mundial no Japão (2005)

(M/PF) – Você é portador de necessidades especiais. Como isso é tratado pelas federações de Luta de Braço?
(Fábio) - Na verdade, trabalhei pra criar uma imagem, a minha imagem é de campeão, esta vem em primeiro lugar. Tanto as federações como a Confederação, possuem as duas categorias, Sênior (para não port.) e Especial (somente portadores). Eu particularmente, tenho condições de lutar em ambas e com ótimos resultados.Sei que tenho barreiras a serem vencidas, mas quem não tem? Cada um com as suas. O importante é termos uma mente equilibrada e sadia, o resto controlamos.

(M/PF) – Você é farmacêutico e tem uma atuação importante na área. Como concilia o trabalho e a carreira de atleta? Você sente que se complementam, por ser da área da saúde, as pessoas consultam você como profissional, como é?
(Fábio) - Com certeza completam-se, trabalho na área de saúde e esporte é saúde. Sou responsável por uma Distribuidora de Medicamentos. É interessante declarar que a própria Empresa que trabalho me apóia e me incentiva no Esporte.

(M/PF) – Como você concilia sua vida familiar e a rotina de atleta?
(Fábio) - Concilio muito bem, aliás recebo muito apoio da minha Mãe, é a minha maior fã, está sempre na torcida, preocupada quando faço viagens para o exterior, mas ao mesmo tempo mandando uma energia muito boa. Na verdade eu que sou o Fã nº 1 dela, uma Guerreira, nobre e linda mulher.

(M/PF) – Fábio, gostaria de pedir que você falasse um pouco sobre a Luta de Braço no Brasil para o leitor do Portal do Ferro: como ele é organizado, onde se pratica e o que a pessoa necessita para ser um bom atleta de LB?
(Fábio) - Infelizmente a LB ainda não é tão divulgada no Brasil o quanto merece,visto que vivemos no País do futebol, mas os dirigentes estão fazendo para que isso aconteça, promovendo eventos muito bem organizados com incentivos sociais e culturais. A LB já reúne 23 federações estaduais. É dividida por categorias de peso, braços direito e esquerdo, masculino, feminino, juniores, sênior, máster e portadores de necessidades especiais. Muitas informações podem ser vistas no site da Confederação www.cblb.com.br
Para ser um bom atleta de LB e também de qualquer outro esporte é necessário em primeiro lugar determinação, todo esporte exige este fator. A LB exige também concentração, tática de jogo (saiba analisar seu adversário), seja versátil, punho firme e boa explosão. Treino de técnica é essencial, importantíssimo para o desenvolvimento do atleta. Em minha opinião o bom bracista é 60% técnica e 40% força.

(M/PF) – Gostaria que você falasse um pouco do seu treino, a interação com seu preparador físico e como adaptam as rotinas às necessidades de cada fase.
(Fábio) - Realmente é uma adaptação de treino, pois tenho que ter as datas dos principais campeonatos e objetivá-los. Estou sempre em contato com meu preparador físico, mesmo que seja por e-mail, quando a situação não favorece o treino assistido. Divido meu treinamento em periodizações que me proporcionam um bom rendimento. Priorizo os seguintes conceitos, força, qualidade de fibras musculares, explosão e resistência. Meu treino técnico (mesa) é sempre com pessoas mais fortes e também mais pesadas.

(M/PF) – Como você conheceu seu preparador físico?
(Fábio) - Conheço meu preparador físico Paulo Azevedo já faz um bom tempo, sempre acompanhei seu trabalho enquanto preparador de um atleta olímpico de Judô , Mário Sabino. Mas foi em 2004 qdo passei por uma cirurgia na perna e precisei me recuperar rápido para participar do Camp Brasileiro, onde comecei o treinamento com sua assistência. O resultado foi ótimo, em 2 meses de treino, após 4 meses parado, eu estava muito bem fisicamente, passei pelo campeonato Brasileiro com muita garra e força, conquistando mais um título. O professor Paulo Azevedo é mestre em fisiologia do exercício e o melhor de tudo, uma pessoa que deseja aprender cada vez mais. Assiste meu treinamento específico e repassa o objetivo para o treinamento de peso. Uma coisa eu afirmo, é sempre bom vc estar sendo assistido por pessoas que entendem do assunto, com certeza produzimos mais e com maior qualidade.

(M/PF) – Perguntamos a todos os nossos entrevistados sobre sua opinião quanto ao uso de esteróides no esporte – diga o que você quiser.
(Fábio) - Sou totalmente contra esteróides, talvez por conhecer seus efeitos na teoria, tenho a colocar que esse tipo de química eu nunca usaria e digo mais, o esporte de força seria muito mais leal e bonito se não existisse esse tipo de manipulação. O organismo produz, o alimento enriquece e o suplemento repõe mais rapidamente. Temos que ter consciência de uma coisa; nosso corpo possui um limite.

(M/PF) – Finalmente, quais são seus objetivos na Luta de Braços para o futuro?
(Fábio) - Tenho objetivos sociais com a LB no futuro, gostaria muito de montar um Centro de Treinamento para as pessoas mais carentes, que não podem freqüentar uma academia e com isso descobrir novos talentos para o Esporte, além de tirar essas pessoas da rua e colocá-las num ambiente saudável. Um sonho que tenho também, é poder participar de uma Olimpíada, para que isso ocorra, precisamos lutar para que a modalidade seja incluída neste nível.