LEVANTAMENTO BÁSICO OU POWERLIFTING

ENTREVISTAS

Kleber Caramello. Atleta e treinador de Powerlifting e fabricante da Camisa Suporte HADES respondeu as perguntas que todos queriam saber e não tinham coragem de perguntar. Leia a entrevista, reflita, manifeste-se ou cale-se, mas use bem seu equipamento!



(Marília – Portal do Ferro) – Como e por que decidiu fabricar este equipamento?
(Kleber) - Comprei a minha camisa em 99, era uma Inzer Blast de uma letra vermelha usada na época. Paguei 90 reais nela e quase ninguém tinha isto nas competições. Dava pra contar nos dedos os atletas que as possuíam.
No final do mesmo ano o Flavio Danna foi ao mundial da WNPF e trouxe várias camisas que já haviam sido encomendadas e pagas pelos atletas. Na época, 180 dolares as camisa de 5 letras e um pano EHPHD (dizem as más línguas, e eu sinceramente nunca me importei com isso, que o Danna comprava as camisas com defeitos por 20 dolares e nos revendia por 180. Ao meu entender o cara estava fazendo negócio e ganhar dinheiro é normal. Além do que, ele precisava de dolares pra viajar pro mundial e eu da camisa aqui no Brasil e o único meio de conseguir era através dele).
Pois é, com a camisa nova numero 50 da Inzer azul, fiz pela primeira vez 200kg no supino em um treino. Fiquei feliz pra caralho com isso: afinal, 200 KG era 200 KG.
Poucos meses depois fui em uma competição em Florianópolis no Beira Mar Shopping. Era uma competição da IPF catarinense na época. O cara que organizou foi o Adriano Stoteral e o lá famoso Edsel da academia Light House.
Muitos atletas: foi lá que eu conheci o Junior de São Francisco Do Sul que era o maior supino de SC - 200kg - e o Ricardo Nort, que anos mais tarde se tornou o maior supino do Brasil, 272.5 kg. Curiosamente, entre os cerca de 120 atletas, eu era o único com uma camisa de força. E curiosamente também, com apenas 2 competições ela estorou no meio *@#$*&$# - que merda!!!
Então o Danna me trouxe uma outra Inzer também de 5 letras cor preta numero 50.
Na época eu dava aula de personal para um estilista de moda, cara muito gente boa que entrou em contato com vários fornecedores de tecidos e enfim achamos um tecido equivalente aos especificados pelas federações.
Corri atrás de vários atletas e tirei o molde inicial das camisas originais da Inzer de pelo menos 4 números diferentes.
E comecei a estudar as diferenças, apertos, impulsos, proteção e comecei então a apertar, aumentar e diminuir as camisas me baseando em alunos meus que competiam no supino , e ai simmm!!!!!
Experimentei a minha (Hades) e a da Inzer , ambas zero quilometro, a minha empurrou 10 kg a mais que a Inzer !!!!!!!
Com os moldes prontos, escolhi o nome Hades da mitologia grega. Para os desavisados, Hades não é o demonio, visto que eu, como cristão, jamais faria apologia a Lúcifer. Hades é irmão de Zeus e Netuno, e cuida do mundo dos mortos, para onde todos os mortais vão ao falecer. Só cabe os céus, aos deuses e aos semi-deuses. Além do que, Lucifer não é irmão de Deus, e sim um anjo rebelde, decaído dos céus.
Fabriquei algumas. Meus dois primeiros clientes foram o sr. Marcos Barbosa, presidente da IPF catarinense, e o Jair Quirino, de Joinville. Vendi também em uma competição em São Francisco do Sul (nesta competiçao eu competi contra o Chico Teles).
Daí, então, as vendas foram muito boas em todas as competições que eu ia, inclusive no Uruguai, que é um país muito pobre mas fiz bons clientes e amigos lá.
Depois de contar toda essa historia, em resumo, na época as camisas de força eram um nicho de mercado a ser explorado por um levantador de supino, ou seja um atleta da modalidade, que sabe perfeitamente o que o material deve oferecer e entender seu funcionamento. Pra quem não sabe, o fabricante Jonh Inzer era competidor de básico. E é o terceiro maior Wilks mundial no terra, com 353 kg levantados pesando menos de 75 kg.

(M/PF) – Como desenvolveu a tecnologia para isso?

(Kleberl) - Como citei anteriormente, o principio das camisas de força, independente da marca, é igual, mudando pouco na modelagem: apertar o peito e impulsionar o triceps, protegendo o ombro e o resto do tórax das lesões.

(M/PF) – Como é o seu mercado????
(Kleber) - Era um mercado bom, mas infelizmente esta muito fuçado!
Minhas vendas hoje são baixas, e não é pelo fato da minha camisa não ser aceita na IPF, porque, para mim, foda-se essa homologação!!!! Ahahahh!!
Mesmo assim ainda vendo (mesmo sem ir às competições e montar banquinhas de exposição), e 80% dos supinos competitivos acima de 200 kg realizados no Brasil são feitos com a minha camisa.
Essa galera confia em mim, sabe que, mesmo velha, a Hades provavelmente não rasga enquanto as outras são uma incognita !!!!!!
Pode prestar atenção, quem vai em competições da FIB/CONBRAFA, WABDL, WNPF e AAU aqui no Brasil já viu uma porrada de camisas da concorrência abrindo no meio. Já as Hades seguem firmes, e essa galera dos 200 kg é, querendo ou não, referência pra os que levantam menos. Para mim, então, uma ótima influência na hora da venda!!!!!

(M/PF) – O carry-over varia muito? Depende muito de técnica? quanto tempo vc calcula que o atleta leva para desenvolver a técnica para tirar o melhor proveito do equipamento?

(Kleber) -O tempo de adptaçao varia muito de atleta pra atleta. A boa maioria dos atletas ainda não sabe fazer ou se portar em um arco ou ponte. Outra parte nem sabe o que é isso !!!! Essas novas camisas abertas, são as piores !!!!! Mesmo assim, tem atletas que de primeira já saem com 20 ou 25 quilos a mais. O mais importante na camisa é o controle na hora de baixar e ter um bom encaixe raw (sem material). A maioria dos afobados não consegue guiar a camisa em baixo e solta a barra e a outra parte, quando sobe, se preocupa em jogar a barra no cavalete e não em encaixar o movimento !!!!!
Eu vi um cara fazer 45 kg a mais com uma camisa da minha marca, e vi muitos comprarem e até hoje não fazerem nada, e saírem falando que camisa de força não presta !!!!!! Vi também o cara fazer um bom treino e, na hora da adrenalina, se enforcar com a barra !ahahahahahahah!
Voltando ao assunto das camisas abertas ou as de denin, a técnica não varia muito pois o posicionamento e o super arco estilo metalmilitia pode ser usado em qualquer uma. A diferença é a força com a qual o peso vai subir.

(M/PF) – Você teria uma comparação entre a eficiência de diferentes tipos de equipamento?
(Kleberl) - Pra mim a técnica é muito mais importante que o equipamento, pois quase todos estão nivelados na qualidade. As camisas de um pano importadas são excelentes hoje. Ainda oferecem um pouco de perigo quanto a durabilidade mas melhoraram 1000% em relação a 10 anos atrás. As camisas de duas camadas podem acabar levantando um pouco mais que as de uma, mas o mais importante é, sem duvida, a segurança. Dificilmente elas vão rasgar num susto como as de um pano. As de três camadas abertas e as de denim, são os verdadeiros canhões do momento, com uma durabilidade absurda e um punch que pode, no caso das denim, aliados às técnicas, passar de 100kg (Scot Mendelson fez 345 kg em um campeonato raw e poucos dias após 457 kg com uma denim). Mas como eu disse e repito agora, o mais importante é a técnica!!!!!! Tem um camarada meu, americano, que trouxe uma camisa denim para o Brasil. A dificuldade de acertar o ponto foi terrível. Demorou pra ele acertar o posicionamento no banco e pra conseguir encostar a barra no corpo mas no fim fez 60 kg a mais do que fazia raw !

COMENTÁRIOS EXTRAS, por Kleber Caramello

Essa estória de homologação ainda vai dar muito o que falar.
Começou quando eu pedi à IPF uma homologação urgente no ano de 2000 ou 2001, tendo em vista a proximidade com, na época, o campeonato brasileiro. Então o diretor técnico, Sr. Milani, me disse pra encaminhar a ele uma camisa pronta, um retalho do tecido para análise e a linha usada na confecção da camisa. Tudo isso, segundo ele, seria analisado pela IPF internacional. Mandei tudo junto ao pedido.
O campeonato brasileiro passou e, depois de quase 2 anos, a resposta foi me dada através de um email em nome da IPF Brasil dizendo que, para homologação, a minha camisa não poderia apresentar logotipo, não poderia ser dupla e eu deveria pagar uma anuidade de 3000 reais. Isso mesmo: você leu 3000 reais, e isso por ano. Praticamente eu acabava de arrumar um sócio com essa taxa abusiva de 3000 reais. Neste mesmo período apareceu no site da IPF os dizeres de que as camisas Murphy estavam homologadas pela IPF, sendo assim o único material nacional aceito pela IPF brasileira.
Entao eu pergunto : por que eu não poderia colocar o meu logotipo????? Por que não poderia homologar uma camisa de duas camadas, se eu varias vezes vi camisas da Inzer e do Murphy de dupla camada com o carimbo de vistoria da IPF, e o livro de regras da IPF na época não especificava o numero de camadas do qual o material poderia conter!!!! E mais, por que e da onde se tirou o valor de 3000 reais por ano, se para o Murphy pediram 500 dolares (Sr. Fergusonn) e na hora que o Murphy foi pagar mudaram o valor pra 1500 euros, e mesmo sem ele ter pago na época, as camisas continuaram homologadas!!!!!!! Ahahhahahahhh! Parece um pouco de perseguição isso!!!!!
Claro, eu não faço as regras e cumpre e se sujeita a elas quem quer !!!!!
Por email eu fiz uma contra-proposta de pagar uma taxa menor com camisas pra serem sorteadas nas competições e isso nunca me foi respondido.

E ainda vou escutar algum estúpido falar que uma camisa de duas ou três camadas é ilegal. Vai dizer que é imoral, ou que com isso não é mais o atleta e sim o material que é responsável pela performance !!!! Pois bem, então, esse mesmo estúpido, com todo o respeito, pode me dizer se uma faixa de pulso ou de joelho que da quase 10 voltas em torno do mesmo é moral ????? Papo furado!!!!! Eu só levanto muito peso se o treino me proporcionou isso, ou se ao menos tenho força pra suportar esse peso no braço!!!!!!


Kleber Augusto Caramello
www.supino.com.br


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