FISICULTURISMO

ENTREVISTAS

Carlos Roberto Bittencourt Azevedo

Carlos Roberto Bittencourt Azevedo pode ser enquadrado sem margens de erro no significado das palavras exceção e sucesso. Aos 47 anos ele ostente um físico em off que o permiti participar de qualquer competição. Dieta sempre? “Genética boa”, responde modestamente. Mas além do privilégio genético ele revela outros cuidados e um modo de vida digno de um atleta vencedor.
Com 1m70 ele mantém seu peso perto dos 85 kg em off, e nas competições cai para cerca de 77 a 80.
Bittencourt começou a competir somente aos 40 anos, já na categoria master, e desde então coleciona sucesso nos palcos. “Sempre pratiquei esportes. Fazia ciclismo e um amigo me disse que tinha um bom físico, me convidou para o culturismo. Só aceitei porque percebi que para ser competitivo não precisaria mudar muito meu corpo”, conta.
Em sua primeira competição, no Vale do Paraíba, ele ficou em segundo lugar no Overall e foi campeão da categoria Master. “Me lembro que eu nem sabia posar. Esperava os outros atletas fazerem a pose para depois imitá-los. Mas sempre tive uma boa simetria e estava bem, isso impressionou os jurados”.
A competição que mais o marcou foi o mundial, em 2003, na Espanha. “Naquela competição eu era da categoria até 80kg. Mas tinham poucos competidores da master co esse peso, então uniram a 80 e 90 kg, ao todo foram 42 atletas. Fiquei em décimo, mas fui o primeiro entre os de 80 kg. Me senti como campeão na verdade. Estava muito bem”. Ele também já foi segundo colocado em campeonatos Paulistas e no Brasileiro, onde já obteve uma vitória.
Bittencourt conta que as pessoas não acreditavam que ele era da categoria master. “Quando chamaram o master para o palco me barraram, perguntando se eu não tinha entendido. Mostrei meu número e disse que era master, não acreditaram”.
O físico privilegiado aos 47 anos não vem de agora. Ele conta que não come carne vermelha, doces ou gorduras. “Sempre tive uma dieta saudável, mesmo antes de pensar ser culturista. Sempre pratiquei esportes. Não fumo e não bebo. A comida é uma droga como outra qualquer, se você não souber o que comer e quanto pode ter diversos problemas como úlcera, diabetes, cirrose”.
Outro “segredo” que ele revela é sobre sua suplementação. “Tomo creatina, aminoácidos, clara de ovos, DHEA, ômega e complexos vitamínicos. Essas vitaminas eu tomo desde os 27 anos”.
Sobre seus treinos ele não entra em detalhes, diz apenas que faz o básico. “Não invento muito não, faço exercícios básicos, às vezes alguma coisa no treino para não ficar repetitivo. Mas nada especial. Só não gosto de treinar muito as costas, mas é preciso”.
Como todo atleta amador do Brasil, Bittencourt também sofre com a falta de apoio ao esporte. “Para entrar com reais chances em uma competição seria necessário uma preparação de cerca de um ano hoje. Ao custo de mais ou menos uns R$ 17 mil, falando por baixo, por ano. Custa caro a preparação”.
Mesmo sem estar competindo este ano, ele diz que quer participar do mundial master aos 50 anos. “Esse é meu objetivo no esporte hoje. Mas só vou subir no palco se estiver realmente com condições de brigar pelo título”.
No Brasil o atleta já competiu pelas duas principais instituições, a Nabba e a CBC-M. “No exterior a IFBB (CBC-M aqui no Brasil) é a mais forte, mas aqui no País as duas se equivalem em termos de organização de campeonatos.
Bittencourt diz que não tem ídolos no esporte. “Admiro as peoas pelo que elas fazem ou são, e não pelo esporte em si. Admiro no mundo dos esportes aqueles que se cuidam, que mantém uma vida saudável, que respeitam seu corpo”, e manda um recado, “Hoje eu tenho objetivos, mesmo com 47 anos. As pessoas devem ter metas, e o que fazem tem de dar prazer. Acho muito legal quando outros homens, mais novos até que eu, resolvem mudar seus hábitos e tentar mudar seu corpo depois que me conhecem. Acho bom poder passar uma imagem saudável, de que é possível”.

Taí a dica.

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