Culturismo, o esporte mais popular do Brasil.

Vocês querem saber sobre o Ronnie no Brasil? Nós também.

O Mister Olympia tem a mesma importância, popularidade e destaque entre os quase 200 milhões de brasileiros que a Copa do Mundo de Futebol, ou mais até. Arnold Schwarznegger é brasileiro, e para nós, brazucas, fenômeno é Ronnie Coleman. Imaginem agora que este mesmo fenômeno vem ao nosso país. Que maravilha! Que chance!
Os cadernos de esportes de todos os jornais do Brasil dedicaram páginas sobre o assunto. A cobertura durou mais de uma semana. Os programas de televisão dedicados ao esporte também compareceram em massa ao evento. Fomos bombardeados (com o perdão do trocadilho) por notícias sobre o rei do culturismo moderno, não fomos? Não, não fomos. Tudo dito acima é ficção, de baixa qualidade, mas ficção.
Não fomos bombardeados, os tiros nem passaram perto, se é que houve tiros. Não sofremos nenhum arranhão. Aliás, muitos de nós nem ficaram sabendo do tal evento. Como jornalista não vou desfiar meu rosário em cima da divulgação ou da assessoria de imprensa do evento, pois nem sei se existiam tais equipes. E não vou discutir isso. O que discuto são os conceitos adotados pela Confederação Brasileira de Culturismo e Musculação (uma das organizadoras do evento) aplicados à imprensa. O workshop de Ronnie Coleman estava cheio sim, mais graças à popularidade do mito entre os fãs do esporte do que a qualquer esforço dos organizadores em divulgá-lo. Sei que estava cheio (não lotado, e nem nos três dias) porque conheço gente que foi. Porque não vi uma linha na imprensa sobre o evento. Nada que fizesse jus a importância de ter Ronnie Coleman no Brasil.
Sou jornalista há 12 anos. Trabalhei como jornalista esportivo metade deste tempo, em jornais de grande porte. Sei muito bem como as editorias tratam o culturismo. Mal há espaço para os esportes chamados amadores, mesmo os olímpicos, quanto mais para uma modalidade que é constantemente alvo de polêmica. Para os editores de esporte simplesmente não existe o culturismo.
O esporte tem muitos fãs e praticantes no Brasil. Basta ver o número de freqüentadores de fóruns sobre musculação, o número de sites voltados para a modalidade, as revistas segmentadas que engatinham lutando para sobreviver no mercado editorial, mas firmes e fortes. São estas as únicas fontes de informação sobre nosso esporte, sim, nosso, considero ele meu também, meu esporte de coração.
Hoje, além deste site, que é um projeto quase pessoal, também trabalho como jornalista em um veículo e como prestador de serviços para empresas. Pois bem, solicitei a CBC-M uma credencial para cobrir o evento. A primeira informação foi de que não seriam emitidas credencias para sites. Até aí tudo bem, entendo que existam muitos sites feitos por amadores ou gente que não é jornalista (a grande maioria aliás) e credenciar este pessoal seria abrir precedente para encher o auditório de fãs, ao invés de profissionais querendo trabalhar na cobertura.
Então tentei me cadastrar pelo veículo onde trabalho como editor, explicando que emplacaria a cobertura do evento neste veículo e no site. Pois sou devidamente habilitado, com registro profissional e tudo.
Nada feito. Nenhuma explicação. Nenhum retorno mais. Ouvi dizer que apenas a “grande imprensa” seria credenciada. A mesma “grande imprensa” que nunca dá uma linha sobre culturismo, a mesma “grande imprensa” que nunca citou nenhum dos títulos mundiais obtidos pelo Brasil tanto pela Nabba quanto CBC-M. E foi essa mesma “grande imprensa” que não deu nenhuma virgula, em nenhum “grande” veículo, sobre Ronnie Coleman.
Por isso meus leitores deste espaço e fãs de culturismo, vocês não vão ler nada sobre o Ronnie no Brasil aqui, neste Portal, porque nos foi negada tal cobertura. Como fã pensei em pagar do próprio bolso para fazer um trabalho. Como profissional, optei por não aceitar tal imposição.
Enquanto os homens que estão à frente da modalidade, independente de qual instituição representam, se comportarem achando que não precisam de ajuda profissional para divulgação de seus eventos, e de que o esporte por si só se sustenta, vamos continuar engatinhando no cenário mundial do culturismo. Pois pelo tamanho do nosso país, pelo potencial que vários atletas já demonstraram, já está na hora de emplacarmos atletas vencedores no cenário profissional.

BANDEIRANTES
Em tempo, a Rede Bandeirantes de Televisão, no programa do jornalista Roberto Cabrini, exibiu uma matéria sobre culturismo, por volta da meia-noite, onde entrevistaram Coleman, mas o enfoque da matéria não era o gigante, ele foi apenas uma fonte conveniente que estava aqui no Brasil.
Mas vale os parabéns para o programa porque foi a primeira matéria séria, sem parcialidade que mostrou como é a vida de um culturista, os esforços para se tornar um campeão, sem a tradicional apelação sobre esteróides. Coube ao próprio apresentador deixar sua opinião em aberto no final da reportagem. Mas mesmo assim, parabéns.

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