LEVANTAMENTO BÁSICO OU POWERLIFTING

ENTREVISTAS

Luciano Duarte – A Grande Promessa Brasileira na 90kg.

Luciano Duarte, 31 anos, natural de Guaíra, SP, da Academia Jesus Bianco, vem levando todos os títulos no Powerlifting e levantamentos específicos desde 2004. Luciano levou o Campeonato Paulista e Brasileiro de Powerlifting e de Supino de 2004, na categoria 82.5 kg; foi 5º lugar no sul-americano do Equador, ainda em 2004; foi campeão paulista na 82.5 kg, brasileiro na 90 kg e sul-americano de powerlifting 2005 na 82.5 kg e brasileiro de supino na 90 kg. Em 2006, foi campeão paulista , brasileiro e sul-americano de powerlifting na 90 kg. É consenso entre os apreciadores do esporte que Luciano é um dos maiores talentos que despontaram nos últimos anos e todos observam de perto a carreira desse atleta quieto, pacato, de poucas e sábias palavras. Com a palavra, Luciano.

(Marília – Portal do Ferro) – Gostaria que você falasse um pouco sobre a sua história com o powerlifting e outros esportes: quando começou, o que mais o atraiu no powerlifting, que outros esportes praticou.
(Luciano) - Comecei acho que em 1993 na musculação, depois fui para o levantamento olímpico, onde não fui bem sucedido. Mais tarde comecei no levantamento básico em 1996. Acho que competi por algum tempo e depois me ausentei por dificuldades a que somos submetidos na vida, mas foram bem aproveitadas. Tive meu retorno em 2003, no brasileiro de supino, e não parei mais. Quanto à minha preparação, eu herdei da época do levantamento olímpico, que é um esporte que exige muita força, técnica, explosão e condicionamento físico.

(M/PF) – Você tem um físico bastante especial, denso e relativamente seco. Já teve alguma incursão no fisiculturismo? Caso tenha tido, como você vê a relação entre estes dois esportes (fisiculturismo e powerlifting)?

(Luciano) - Eu vejo como próximos, mas é mais fácil um culturista se tornar um basista do que um basista se tornar um culturista devido os treinamentos e alimentação. Um basista treina muito pesado e de duas a três vezes um grupo muscular por semana, com poucas repetições, enquanto um culturista de qualidade tem que treinar com repetições mais leves para conseguir realizar mais séries e obter uma maior hipertrofia. Isso sem falar nas dietas dos culturistas, que são mais rigorosas que dos basistas. Mas eu acho que em relação à estética do corpo, é uma questão de genética. Podemos ver isso em um estivador ou em um boxeador: alguns são gordinhos e outros são definidos.

(M/PF) – Ainda sobre essa aproximação sua com o powerlifting, você poderia nos contar um pouco sobre como foi/é o trabalho do Jesus Bianco em Guairá e como vocês organizam isso hoje?
(Luciano) - Eu comecei a competir no levantamento olímpico, mas devido a um defeito de fábrica eu não pude dar prosseguimento a essa carreira: eu tenho os braços tortos para fora e os movimentos que eu realizava se caracterizavam como evolução no jerk press (arremesso) então eu abandonei esse esporte. Eu já tinha ouvido falar sobre o levantamento básico na época mas não tinha um contato. Mais tarde, numa revista de musculação, eu li uma entrevista com o André Doria. Ela me incentivou a treinar ainda mais, por uma frase que dizia assim: “você não precisa ser um guindaste para levantar peso”, se referindo ao peso corporal dele. Conversei com o Jesus sobre competir no básico e então fui apresentado ao Julio Conrado. Foi quando eu comecei a competir. Acho que a minha primeira competição foi em 1996 em Sertãozinho, a cidade dos meus amigos Batista e Milane. No começo a gente brigava muito para conseguir um apoio da prefeitura da cidade, mas hoje é mais tranqüilo. A gente só administra através dos resultados de competições – afinal, árvore que dá frutos não se corta..

(M/PF) – Você tem uma participação importante também no supino. Como você vê a relação entre supineiros e basistas? Entre as especialidades e o powerlifting?
(Luciano) - Apesar do meu supino ser relativamente bom, eu não gosto muito de participar das competições específicas de supino. Às vezes eu vou, mas não é tanto na intenção de competir e sim para rever os amigos e saber das novidades. Este ano eu não competi no paulista e no brasileiro de supino. Para mim, o que realmente me dá vontade de fazer força é o Powerlifting completo, nem de levantamento terra eu gosto.

(M/PF) – Todos querem saber como é o treino de um campeão. Luciano, como você planeja seu treino? Como ele é periodizado? Existe alguma metodologia que você ache melhor? Como você usa (ou não) os exercícios auxiliares e treinamento cardio-vascular na sua rotina?
(Luciano) - Eu não vejo os meus treinos como segredo, mas sim como ousadia de sempre estar incrementando, procurando alternativas de execução dos movimentos. Treinamentos com correntes, elásticos, suportes no peito, novas idéias são sempre bem-vindas para mim. Mas o que eu acho fundamental é não ficar dependente do material de competição como macaquinho camisa e até faixas de joelhos. Uma vez já aconteceu comigo da faixa não estar bem enrolada nos joelhos e eu ter q fazer o movimento somente com a força das pernas, sem o auxilio da mesma, por isso nos meus treinos não entra material. Acho importante também nós do Powerlifting trabalharmos muito condicionamento cardiovascular. Eu sempre estou correndo, apesar de não gostar, mas me ajuda bastante na recuperação entre os movimentos sem falar na explosão de execução do movimento que me é proporcionado.

(M/PF) – Dieta, suplementação, composição corporal: você poderia dizer em termos gerais como organiza sua dieta? Você usa algum suplemento? Quais e de que forma? Algum que você não use mas gostaria de usar, que ache útil aos powerlifters?
(Luciano) - Eu raramente como arroz e feijão, como mais frutas, peito de frango, carne vermelha, como muitos grãos como soja, ervilha, grão de bico. Se eu tivesse capital eu sempre consumiria glutamina, mas como não tem, eu fico só na creatina e de vez em quando eu faço um estoque de Whey Protein, mas do mais baratinho. Para as competições mais importantes é raro eu comer algo no café da manha ou antes do almoço, tenho muito controle com relação a fome.

(M/PF) – Ainda nesta linha: como você pretende administrar sua categoria de peso? Ficar na 90kg ou subir?
(Luciano) - Olha essa é uma pergunta que nem mesmo eu saberei responder, porque no momento em que estou respondendo, estou com 86 kg; no sul-americano eu competi com 87.6 kg; mas antes do sul-americano eu estava com 92kg e hoje eu penso em retornar na de 82.5. Mas essas dúvidas surgem por conta de recordes a serem quebrados - de preferência os internacionais. Tanto que este ano eu dei prioridade somente às competições de Powerlifting, deixando as de supino de lado.

(M/PF) – Um assunto delicado e controverso: esteróides. Qual é a sua opinião sobre: a. a disseminação do uso de esteróides entre atletas e não-atletas (deixando bem claro aqui que o Portal do Ferro é neutro em relação a esta questão e deseja apenas apresentar aos seus leitores os vários pontos de vista sobre o assunto); b. o combate ao doping pelo Comitê Olímpico Internacional e as exigências feitas ao powerlifting?
(Luciano) - Na minha opinião acho fundamental que sejam aplicados os exames não só nas datas das competições mas também antes, no período de treinamentos antecedentes às competições: os chamados exames surpresa. Agora, quem usa, o melhor a fazer é procurar sempre a opinião de um profissional qualificado para não ser tão prejudicado futuramente, principalmente se este for homem: esteróides causam impotência sexual.

(M/PF) – Outro assunto complicado: como você vê a relação entre as várias federações/organizações no powerlifting (e especialidades) hoje? Você já teve alguma experiência com outras federações não-IPF?
(Luciano) - Eu já participei em competições que eram organizadas por outras federações que não faziam parte da IPF e fiz vários amigos. Mas particularmente eu me vi na necessidade de procurar o que realmente iria fazer valer no futuro, em termos de reconhecimento, é claro. Hoje eu sei q fiz a escolha certa. Hoje, graças a essa decisão, eu estou preste a receber um auxilio do governo federal: o bolsa atleta, que vai fazer muita diferença na minha vida. Eu já conhecia o trabalho tanto da Confederação quanto da Federação Paulista regidas pela IPF e sabia que o sistema de regras e disciplina eram bem mais rígidos se comparados às outras federações. Mesmo assim, não tive receio algum por estar optando pelas regras da IPF pois eu sabia q só assim eu conseguiria melhorar as minhas marcas e regras, sem falar que os melhores atletas fazem parte das federações regidas pela IPF. Se alguém quer ficar bom naquilo que faz tem que sempre estar na companhia dos melhores.

(M/PF) – Finalmente, quais são seus principais objetivos e sonhos no powerlifing? (Luciano) - Eu estou breve a realizar um objetivo que era um sonho e esta se tornando realidade, que é participar de um mundial de Powerlifting. O outro sonho é de ver os meus dois filhos participando do mundo do powerlifting, pelo menos um se Deus me ajudar.

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